Com o avançar da idade, e por diversas razões clínicas, vamos sentindo maiores dificuldades e iremos consequentemente necessitar de uma maior ajuda nas nossas atividades de vida diárias. A medicação é uma delas: a compra, a preparação e a administração da mesma, não deverá nunca tornar-se um problema ou ser descurada!

A preparação da medicação irá variar muito consoante o que a própria pessoa deseja. Há quem prefira preparar a medicação a cada refeição, diariamente, semanalmente, quinzenalmente, entre outros. Normalmente, quem prepara autonomamente a sua própria medicação, utiliza caixas de medicação de toma única, fazendo-se acompanhar das mesmas para qualquer lado. Para quantos mais dias se preparar determinada medicação, maiores tamanhos deverão ter as próprias caixas.
Dependendo do grau de autonomia, de orientação e do estado de saúde, existem pessoas que conseguem preparar a sua própria medicação. Ao invés, existem outras pessoas que necessitam de ajuda do cuidador ou do profissional de saúde para a execução da mesma. A medicação, por norma, deverá ser descapsulada no ato da toma/administração. No entanto, em alguns casos, a medicação terá que ficar preparada a ser utilizada com alguns dias de antecedência.
Para a maioria das pessoas, a administração da medicação é realizada de forma inteira. Os comprimidos apresentam-se íntegros, e no máximo precisam de um corte a meio quando são muito grandes e difíceis de deglutir (engolir).
Em certas situações, a medicação necessita de ser triturada, ficando em pó, e é administrada juntamente com a alimentação. Como exemplo, em casos de maior desorientação e recusa em cumprir a terapêutica prescrita, em caso de alimentação por sonda nasogástrica, entre outras.
A administração da medicação poderá ser realizada por diversas vias:
- Oral: Administração de medicação via oral, de forma inteira ou triturada;
- Sub-cutânea: Perfusão ou administração de medicação na derme;
- Endovenosa: Perfusão de medicação através de um acesso venoso periférico;
- Intramuscular: Administração de medicação no músculo;
- Ocular: Aplicação de medicação nos olhos;
- Dérmica: Aplicação de medicação na pele.
O tratamento poderá necessitar de receita médica.
O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.
A soroterapia é o nome designado à administração e/ou manutenção de soro (ou solução eletrolítica) por via endovenosa.
Tem como objetivo a correção do equilíbrio hidroeletrolítico, ao fornecer água para hidratação e eletrólitos, de modo a corrigir as alterações da volémia e reestabelecer o equilíbrio osmótico/equilíbrio ácido-base.
Os soros diferenciam-se pelos componentes diferentes que têm entre si, e para os efeitos específicos pretendidos (por ex.: há pessoas que necessitam de soluções eletrolíticas com glucose (hidrato de carbono como fonte em calorias)). Por essa razão, é importante a realização da avaliação clínica detalhada do cliente.
A soroterapia é consentida pelo Médico. O Enfermeiro é responsável pela aplicação, administração e manutenção (caso se justifique).
O tratamento poderá necessitar de receita médica.
O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.
A aerossolterapia consiste na utilização terapêutica de medicamentos sob a forma de aerossóis. Tem como função penetrar e atuar nas vias aéreas. Esta pode ocorrer de duas formas: por inalador ou por nebulizador.
Este tratamento é utilizado, maioritariamente, em pessoas com patologias ou afeções respiratórias (p.ex.: infeções do trato respiratório, pneumonia, asma, DPOC, entre outros).
Os medicamentos mais administrados são:
- Broncodilatadores: Dilatação dos brônquios/Abertura da via aérea;
- Anti-inflamatórios: Diminui a inflamação das mucosas, permitindo um maior conforto;
- Mucolíticos: Fluidificam as secreções, permitindo que se desagreguem da mucosa e que sejam expelidas ou digeridas;
- Antibióticos: Combatem ou previnem infeções;
O Médico prescreve a medicação a utilizar, tendo sempre em conta o estado clínico e patológico da pessoa, bem como do equipamento que melhor se poderá ajustar às necessidades e tolerância da pessoa.
O Enfermeiro é responsável pela aplicação e manutenção do inalador e/ou nebulizador, pela vigilância de sinais de alarme consequentes da administração da medicação por inalação.
O tratamento poderá necessitar de receita médica.
O nebulizador/inalador deverão ser requisitados pelo cuidador.
O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.
A atmosfera húmida é nome que se dá aos “vapores de água”, neste caso, aerossolterapia realizada por nebulizador, contendo soro fisiológico.
É utilizado com frequência em situações de obstrução nasal (nariz entupido), congestão nasal, rinorreia (pingo no nariz), entre outros, onde os próprios sintomas ligeiros melhoram sem ser necessário a administração de fármacos específicos (descrito em “Aerossolterapia”). Ou seja, são usados em situações simples, isentas de outros sintomas como p.ex.: hipertermia (febre alta), dores no peito, tosse forte ou expetoração amarelo-esverdeada. Em caso destes sinais de alerta, o Enfermeiro e o Médico deverão ser informados.
O tratamento não necessita de receita médica. O Enfermeiro é responsável pela aplicação, manutenção e vigilância de sinais de alerta acima descritos.
O nebulizador deverá ser requisitado pelo cuidador.
O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.
A oxigenoterapia consiste na administração de oxigénio, por concentrador ou bala.
Tem como objetivo a prevenção ou tratamento de hipoxia (carência de oxigénio). Está indicado em pessoas com patologias ou afeções respiratórias, que poderão necessitar de oxigénio por um curto ou longo período.
O Médico calcula a quantidade de oxigénio no organismo, e com base nos resultados, determina o número de horas de terapia e o débito a administrar (quantidade litros/minuto). O Enfermeiro é responsável pela aplicação correta do material, manutenção, vigilância de sinais de alarme e, por consequente, autonomia na regulação e gestão do débito de oxigénio, consoante as necessidades atuais da pessoa e vigilância da pele do nariz ou da face da pessoa (face aos óculos nasais ou máscaras aplicadas), que tendem a favorecer o desenvolvimento de perdas de integridade cutânea (feridas) nas regiões anatómicas onde os materiais plastificados tendem a fazer maior pressão.
O concentrador/bala de oxigénio deverá ser requisitado pelo cuidador.
O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.
A hipodermóclise é a administração de fármacos ou soluções eletrolíticas (soro) por via subcutânea, podendo ser contínua ou intermitente.
Esta técnica tem como objetivo a hidratação em pessoas com instabilidade hemodinâmica, em situações em que a administração através do acesso venoso periférico é muito difícil e em situações paliativas.
É uma técnica de baixo custo, simples, segura e eficaz. Favorece a funcionalidade da pessoa, é um equipamento muito pequeno, fácil de aplicar, menos doloroso para a pessoa e com um índice baixo de infeção, pelo que é o mais indicado em ambulatório/domicílio.
Não é indicado para a administração de grandes quantidades de volumes de fármacos.
A hipodermóclise pode ser aplicada no deltóide, região torácica anterior, região escapular, região abdominal e face lateral da coxa.
Após a aplicação, o dispositivo fica protegido com uma película impermeável transparente.
É importante a vigilância de sinais de alarme como:
- Edema local: inchaço, que poderá ser resolvido com massagem na zona;
- Reação local do cateter: rubor (vermelhidão), prurido (comichão) local e desconforto. Deverá ser retirado e recolocado numa outra região corporal. Caso faça novamente reação, preferir outra via de administração;
- Dor ou desconforto local: poderá haver necessidade de manuseamento do dispositivo e acomodação ao local;
- Infeção: Rubor, prurido, dor/desconforto, calor, exsudado (líquido) purulento (pus), com odor, edema (inchaço), hipertermia, entre outros. Será necessário retirar o dispositivo.
O Médico prescreve a medicação a utilizar. O Enfermeiro é responsável pela aplicação do dispositivo, administração farmacológica, manutenção do mesmo e vigilância de sinais de alerta.
O tratamento poderá necessitar de receita médica.
O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.