Técnicas de Enfermagem

Conjunto de procedimentos técnicos diversos e específicos na área de Enfermagem.

Os parâmetros vitais ou sinais vitais são avaliados pelos profissionais de saúde e servem para avaliar as funções básicas do corpo humano. Os parâmetros são avaliados diariamente e sempre que necessário, e os principais são:

  • Tensão Arterial: Pressão exercida pelo sangue contra a parede das artérias. É avaliada manualmente com um esfigmomanómetro ou com um aparelho medidor de tensão arterial digital. Determina a pressão arterial sistólica (1º valor) e a pressão arterial diastólica (2º valor). A tensão arterial normal ronda os valores de 120/80, podendo atingir valores diferentes consoante a situação clínica de cada pessoa. Hipotensão é o nome dado á tensão arterial baixa, ou seja, abaixo de 100/60. Hipertensão é o nome dado à tensão arterial alta, ou seja, acima de 150/90.
  • Frequência Cardíaca: Velocidade do ciclo cardíaco, avaliada pelo número de batimentos por minuto (bpm). Varia consoante as necessidades físicas do organismo. É avaliada facilmente com a palpação nas diversas artérias do corpo, com a ajuda dos nossos dedos indicador e médio. A frequência cardíaca normal ronda os valores de 60-80 bpm. Hipocardia é o nome dado à frequência cardíaca abaixo de 50 bpm. Hipercardia é o nome dado à frequência cardíaca acima de 90 bpm.
  • Glicémia Capilar: Verifica os níveis de açúcar no sangue. É avaliada com um glicosímetro e é necessária uma picada num dos dedos para se conseguir extrair uma quantidade pequena de sangue. A leitura dos valores apresentados irá depender do momento em que é avaliado: em jejum, ou antes das refeições ao longo do dia. Os normais de glicémia capilar são de 80-100 mg/dl (em jejum) e de 100-200 mg/dl (antes das refeições). Hipoglicémia é o nome dado à glicémia capilar abaixo de 80 mg/dl (em jejum) e abaixo de 80 mg/dl (antes das refeições). Hiperglicemia é o nome dado à glicémia capilar acima de 126 mg/dl (em jejum) e 200 mg/dl (antes das refeições).
  • Temperatura: Avaliada com um termómetro (timpânico, axilar, retal, sensorial). A temperatura normal ronda dos 35º-37º. Hipotermia é o nome dado à temperatura abaixo dos 35º. Estado sub-febril é o nome dado à temperatura entre 37º-38º. Hipertermia é o nome dado à temperatura acima de 38º.
  • Saturação de Oxigénio: Indica a quantidade de oxigénio no sangue. É avaliado através de um oxímetro. A saturação de oxigénio normal ronda os valores de 95-100%. Em situações de valores abaixo de 88-90%, será necessária a aplicação de oxigénio através de concentrador ou de bala.
  • Dor: Avaliada a intensidade da dor, naquele instante. Existem várias escalas, que serão escolhidas consoante a condição de saúde da pessoa. As escalas mais conhecidas e mais usadas são a Escala visual Analógica, a Escala Numérica, a Escala Qualitativa e a Escala de Faces.

O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.

A sonda nasogástrica (SNG) define-se como um tubo inserido desde o nariz até ao estômago.

Utiliza-se para garantir a administração de alimentos, líquidos e medicamentos em pessoas que apresentem pouca ou nenhuma capacidade de deglutição. A sua utilização é normalmente por um curto período de tempo, sendo retirada quando a via oral está funcional. É aplicada nestas situações, quando é necessário garantir o aporte nutricional, hídrico e medicamentoso, para melhoria do estado clínico da pessoa necessitada. Contudo, existem casos em que a alimentação é exclusiva por SNG, onde o período de permanência da mesma no organismo é de tempo mais longo. Todos os produtos administrados por sonda nasogástrica deverão ser triturados e líquidos.

Em casos específicos, em que o Médico/Nutricionista aconselha a alimentação contínua de packs de alimentação específicos (hiperproteicos, hipercalóricos, entre outros) face às necessidades de saúde da pessoa (p.ex: em caso de escaras/UP, anorexia, entre outros), o Enfermeiro é responsável pela aplicação da alimentação. Contudo, para a alimentação ser distribuída faseadamente pelo dia todo, é necessária uma máquina doseadora conta-gotas, para que a alimentação não permanece no estômago em grandes quantidades, provocando muito frequentemente diarreia e náuseas.

Os sinais de alerta decorrentes da sonda nasogástrica são:

  • Má higienização da boca;
  • Vómitos, diarreia ou desconforto gástrico;
  • Estase gástrica (acumular de conteúdo no estômago);
  • Lesão no nariz pela pressão do dispositivo e adesivos aplicados;
  • Exteriorização da sonda nasogástrica;
  • Obstrução da sonda nasogástrica (quando se administram produtos de calibre maior do que o da sonda).

O Enfermeiro é autónomo para decidir se a pessoa necessita e beneficia de sonda nasogástrica. Não será necessário o consentimento Médico obrigatório.

O Enfermeiro é responsável pela colocação e manutenção da sonda nasogástrica e alimentação da pessoa.

A sonda nasogástrica também poderá ser colocada apenas para situações clínicas em que é necessária a lavagem gástrica. Este procedimento requer consentimento Médico.

O aparelho de alimentação entérica deverá ser requisitado pelo cuidador.

O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.

A sonda vesical ou cateter urinário é um tubo inserido na uretra até á bexiga, e é aplicado para várias finalidades. A sonda vesical poderá ser inserida unicamente para colheita de urina asséptica, ou poderá haver necessidade de algaliação em caso de patologias ou afeções específicas (por ex.: úlceras de pressão na região nadegueira, para evitar contacto da urina com a ferida, globo vesical, lesões e patologias do trato urinário, entre outros).

Os sinais de alerta da algaliação são:

  • Exteriorização da sonda vesical;
  • Dor ou desconforto local;
  • Reação nos órgãos genitais (rubor (vermelhidão), prurido (comichão) local e desconforto);
  • Infeção nos órgãos genitais (rubor, prurido, dor/desconforto, calor, exsudado (líquido) purulento (pus), com odor, edema (inchaço), hipertermia, entre outros. Será necessário retirar dispositivo).

O Enfermeiro é autónomo para decidir se a pessoa necessita de sonda vesical, mas deverá receber o consentimento Médico relativamente a algumas patologias/afeções urinárias. Não será necessário o consentimento Médico obrigatório.

O Enfermeiro é responsável pela colocação e manutenção da sonda vesical, bem como da realização da lavagem vesical caso a pessoa necessite face ao estado clínico que apresenta.

O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.

Por diversas razões, por motivos patológicos ou não, desenvolvemos secreções na nossa cavidade oral e /ou orofaringe.

As secreções podem ter variadas colorações, desde transparente/esbranquiçada, amarelada e esverdeada que, consequentemente, indicam informações muito importantes acerca do nosso trato respiratório. Para além da coloração, o odor e a espessura da expetoração também são fatores que remetem para situações de maior preocupação, como é o caso das infeções respiratórias.

Com o avançar da idade, as modificações do estado de saúde, alterações do estado de dependência e mobilidade, são mais frequentes as vezes em que as pessoas apresentam secreções na cavidade oral e/ou orofaringe, e maiores serão as dificuldades em expelir as mesmas através da tosse produtiva eficaz. Nestas situações, em que as secreções ficam acumuladas na cavidade oral e/ou orofaringe e, consequentemente, dificultam a respiração e a ingestão de alimentos, é necessário recorrer ao aspirador de secreções.

A aspiração de secreções resulta de um aparelho aspirador, com pressão, e de uma sonda de aspiração com diferentes calibres. Deverá ser utilizada, quantas vezes forem necessárias. A aspiração de secreções poderá ser realizada na boca, no nariz ou nas duas cavidades. Em pessoas com traqueostomia, a mesma deverá ser aspirada se apresentar secreções.

Esta técnica é realizada pelo Enfermeiro. Deverá haver uma avaliação inicial da situação atual da pessoa, o tipo de secreções e onde se localizam. O manuseamento é realizado com cuidado e higienização, para evitar contaminação e possível infeção do trato respiratório e traumatismo da recorrente manobra invasiva.

O aspirador de secreções deverá ser requisitado pelo cuidador.

O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.

As afeções oculares são problemas oftálmicos provocados por inúmeras causas patológicas ou não, que a médio e longo prazo provocam desconforto, dificuldade de visão e outros problemas oculares mais graves.

Os principais sintomas de afeções oculares são a hiperémia (olhos vermelhos), exsudado ocular (secreções oculares), dificuldade de adaptação à luminosidade e visão turva.

A função principal do Enfermeiro é a realização de limpeza ocular. Esta é realizada com a instilação de soro fisiológico no olho que se encontra afetado. Contudo, é de extrema importância o encaminhamento para um Médico especializado, neste caso, Médico Oftalmologista, principalmente se os sintomas persistirem após as lavagens oculares. Nestas situações mais graves, será o Médico a prescrever o tratamento mais adequado (são mais frequentes as pomadas e os colírios oftálmicos), que depois poderão ser aplicados de forma correta pelo Enfermeiro.

O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.

A afeção urinária mais comum é a Infeção do Trato Urinário (ITU). É uma infeção bacteriana, que poderá afetar a uretra, a bexiga ou os rins. Ocorre quando as defesas do trato urinário falham, desenvolvendo uma infeção, que é mais comum nas mulheres. Os sintomas são muito variados, e dependem da zona da infeção.

Os sintomas mais comuns são a disúria (dor/ardor na micção), desconforto e pressão pélvica, urina de coloração muito concentrada, presença de corrimento anómalo, e em casos mais graves dor nas costas ou flancos, hipertermia, náuseas e vómitos.

Na área da Enfermagem, após os sintomas persistentes, é comum recorrer ao Combur Teste. É um teste prático e simples, onde a urina é analisada através de uma tira, que analisa alguns compostos bioquímicos e determina se existe ou não infeção urinária. Contudo, o teste não é específico relativamente ao agente bacteriano que causou a infeção e por isso é muito importante recorrer ao Médico para que se possa prescrever uma colheita asséptica e posteriormente de ser realizada pelo Enfermeiro, tomar o antibiótico mais adequado para o microorganismo existente.

É importante não esquecer nas medidas de prevenção diárias, como a higiene íntima correta, o uso de roupa interior confortável, ajustável e de algodão e a ingestão hídrica constante.

O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.

As afeções intestinais são cada vez mais frequentes, derivado ao stress e aos maus hábitos alimentares. Os problemas/doenças intestinais são muitas vezes constrangedoras e limitantes no dia-a-dia da pessoa. Com a adoção de hábitos saudáveis, é possível preveni-las.

As afeções intestinais mais frequentes são: Dispepsia (sensação de má digestão); Síndrome do Intestino Irritável; Doença de Crohn e Colite Ulcerosa. Existiram outras mais.

O acompanhamento por um Médico, de preferência por um Médico Gastrenterologista é fundamental para o tratamento e alívio dos sintomas.

O papel do Enfermeiro nas afeções intestinais passa pela avaliação e deteção dos principais sintomas, os que causam maior desconforto e que prejudicam diretamente as atividades de vida diária da pessoa necessitada; que são:

  • Flatulência, que é cessada com fármacos específicos e com a introdução de uma sonda de gases (caso se justifique);
  • Diarreia, que cessa com fármacos específicos e com uma dieta rigorosa;
  • Obstipação, que reverte com a administração de laxantes, com uma alimentação rigorosa, e com a aplicação de clisteres de limpeza ou remoção de fecalomas (caso se justifique).

O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.

A palavra “estoma” é uma palavra que vem do grego, que significa “abertura” ou “boca”. É usada em Medicina, em cirurgias onde é realizada uma abertura intencional em algum órgão, ficando este em contacto direto com a região exterior do nosso corpo.

Os estomas podem ser temporários ou permanentes, consoante a situação clínica da pessoa. No entanto, têm sempre o mesmo aspeto: de coloração vermelha ou rosada, poderão apresentar exsudado hemático e desconforto ao toque. A pele em redor do estoma (periestoma) deverá estar sempre limpa, íntegra e sem feridas. No periestoma é aplicado um saco próprio dependendo do estoma em específico, e deverá ser trocado sempre que for necessário.

Os estomas mais frequentes são a colostomia e a ileostomia.

Este tipo de afeções poderá ocorrem em qualquer idade. É realizado ensino em idades mais jovens e adultas. Contudo, nas idades mais avançadas, idosas, é necessário a ajuda do profissional de saúde, neste caso, do Enfermeiro, na limpeza e cuidados com o estoma, bem como na aplicação do saco específico.

Os principais sinais de alerta com os estomas são:

  • Não funcionalidade do estoma;
  • Alterações na morfologia do estoma;
  • Periestoma com perda de integridade de pele;

O Enfermeiro é responsável pela limpeza e cuidado do estoma, pela substituição do saco, pelo cuidado com a pele em redor. É igualmente responsável pelo ensino contínuo ao cliente e/ou ao cuidador.

A pessoa ostomizada deverá manter-se acompanhada em consultas de Gastrenterologia.

Os sacos de colostomia/ileostomia deverão ser fornecidos pelo cuidador.

O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.

A traqueostomia (ou estoma traqueal) é um procedimento cirúrgico realizado para possibilitar a entrada e oxigénio em situações em que a passagem de ar se encontra obstruída. É realizada uma abertura (estoma) na traqueia, que é mantida afastada e aberta através de uma cânula. A cirurgia é realizada em causas muito graves de obstrução das vias respiratórias.

O Enfermeiro é responsável pela limpeza e cuidados com a traqueostomia e pela vigilância de sinais de alerta, como sinais de reação local ou infeção (desconforto ou dor, rubor (vermelhidão), prurido (comichão), calor, edema (inchaço), exsudado (líquido) purulento (pus), hipertermia, entre outros.).

O material específico de traqueostomia deverá ser fornecido pelo cuidador.

O material de Enfermagem é fornecido pelo Enfermeiro, com a exceção do material de Enfermagem de uso contínuo, que deverá ser indicado pelo Enfermeiro e fornecido pelo cuidador.


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